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Para todos os que fazem anos em Junho, aqui fica um poema belissimo do cabo-verdeano José Luis Tavares:
CARTA A MIM MESMO
NO DIA DOS MEUS ANOS
Como poeta nasci já quase canónico
(vede se isto não tem seu quê de cómico),
fazem-me quase um preto gentio camões —
não ligueis, que amanhã príncipe dos anões
serei. É certo que não errei o fio à vida,
seus corsos e naufrágios — fui mais fundo
que os demais? — em modo assaz rotundo
percorri-lhe as voltas, os sustos, a recaída.
Saberão vez alguma que nesta escura feira
tudo é sombra e deriva? Que nem as agudas
razões do pranto desvanecem esta surdina?
Não te iludas com os louros na cabeleira:
mais depressa se rirão das tuas agruras
dizendo «outro que não escapou à sina».
José Luís Tavares
"... Ah o medo vai ter tudo
tudo
(penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)
O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos
Sim
a ratos"
[Alexandre O'Neill, O Poema pouco original do medo]
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